O futuro aqui tão perto
Apesar de sermos uma rádio com uma predominância no RAP, é frequente apresentarmos projectos que, ou pela visceral manipulação da palavra, a emocional criação electrónica ou pelo criativo bailado melódico, nos convidam a entrar por mares nunca d´antes navegados e criam em nós uma necessidade de fazer com que todos vocês nos acompanhem na viagem. Estes são alguns dos novos nomes na música nacional, que para além de habitualmente marcarem presença na nossa rádio, têm nas mãos as ferramentas para abrir a mata sonora do futuro do nosso país.
Deste grupo de bravos aventureiros, são sem dúvida os mais ligados ao RAP, mas mostraram em Monróvia, que a sua importância vai muito além disso… e a música tradicional portuguesa estará sempre a um vulto de distância da sua reinvenção.
Um inacreditável talento que juntou num caldeirão, poesia, electrónica e pedaços de tradição e o resultado é a deslumbrante criação de uma folk electrónica que pela primeira vez podemos chamar de “nossa”.
Seja joão não, joão nunca ou j.~.n~., este intérprete de voz camaleónica surpreende sempre, com a extrema relevância com que explora a fragilidade das suas melodias, e com a impressionante capacidade de dizer tanto em tão poucas palavras.
Já em 2018 constava nas nossas apostas anuais e teve este ano a sua consagração, seja pela qualidade do seu álbum de estreia Meia Riba Kalxa, seja pela dimensão cósmica a que eleva os seus temas ao vivo, com uma visão cinematográfica que nos aromatiza a flor da pele.
Um irresistível projecto que nos leva de mãos dadas com explorações vocais, por caminhos derretidos entre harmonias do éter e da natureza, com tanto de fantasmagórico como de terreno.
Produtor e instrumentista, ORLA transporta-nos em viagens ao infinito com quadros impalpáveis de eterna convalescença críptica. São percursos envoltos em mistérios, e pistas em palavras que nos mantêm agarrados ao real.
Um dinâmico duo que materializa num único elemento, o frágil com o áspero, o negro com a luz, o pesado com o leve… o yin e o yang misturam-se num único e coerente novo estado da matéria.
Aliando uma das mais reconfortantes vozes no panorama musical a uma emocionante escrita poética, Merai assola toda a nossa alma com uma inquietante simplicidade melódica e uma indiscutível relevância poética.
Um duo composto por Wake Up Sleep e Lily Kashūnattsu, que nos traz com mestria, descontruções sonoras de R&B e da soul mais futurista, que nos adoçam a alma com uma incrível beleza harmónica e um travo a trip hop.
Apesar de já ter estado directamente ligado ao RAP, Amigo Ivo libertou-se das amarras estilisticas e aventurou-se na universal aventura da procura da consciência cósmica em sonoridades e palavras.
A voz de y.azz encontra-se com as produções de b-mywingz, num projecto que, com influências da electrónica, trip hop e R&B, consegue ressuscitar a relevância da pop feita no nosso jardim, carregando-a com uma invisível complexidade, que lhe confere ao mesmo tempo uma profundidade e leveza, raramente ouvidos.
Os ambientes que am\\\dor nos proporciona deixam-nos perdidos na acidez hipnótica dos instrumentais e encontrados na aspereza das suas palavras.
CADELA é um projecto que junta as letras e voz de Madalena Veiga à produção de Catarina Vitorino. Palavras poéticas sempre com a força imensurável da intenção, musicadas de uma forma perfeita, ora contemplativa ora combativa, pelas sumarentas produções instrumentais.