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Conversas com... Broke Boyz

O colectivo Broke Boyz dos talentosos Mulé, Dani e Belly, esteve no passado mês de Maio, à conversa com Ana Lopes no Algarve, numa entrevista onde a mixtape O Triunfo dos Ratos foi o foco principal. Uma bela conversa, com o grupo que este ano nos trouxe as faixas PESCADOR DE ILUSÕES, NAMASTÊ (com Enza), DEIXA-ME e FUNK&KUSH, e em 2018 a imperdível mixtape O Triunfo dos Ratos (ESSENCIAIS 2018). Um trabalho gentilmente cedida pela Ana, para que todos possam conhecer um pouco mais deste grande colectivo. Não deixem de ler esta bela entrevista, e… obrigado Ana!

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Quem são os Broke Boyz?

Três amigos. O Mulé (@mulebrokeboy) é o compositor e a voz principal do grupo, o Danny (@derramez) suporta o Mulé no palco, faz as backvocals, já o Belly (@the1stshogun) é o responsável pela imagem dos Broke Boyz. No geral é isto mas todos se entreajudam.

Ser amigos e trabalhar juntos pode ser difícil de gerir. Quais são os valores mais importantes para vocês enquanto grupo?

Ser leal com os elementos do grupo e com os projetos que criamos é imprescindível para que algo resulte. Somos sempre sinceros nas opiniões e nas críticas, por muito duras que sejam é assim que crescemos. E tentamos nunca perder o foco por muito aliciante que seja. Lealdade, sinceridade, foco e fé na nossa criação, esses são os nossos valores. E acima de tudo mantemos o respeito e a amizade entre nós.

O que vos levou a iniciar o percurso musical?

Mulé: Os músicos da minha família sempre me inspiraram. Desde pequeno que absorvia a ouvia a música que me mostravam, desde Pink Floyd a Tim Maia, e vibrava. Foi aí que comecei a escrever uns primeiros versos. Isto no Brasil. Já em Portugal, mais afastado desses familiares, senti que tinha algo importante a dizer e decidi iniciar o meu primeiro projeto musical, com o apoio e o incentivo do Belly e do Danny.

Falem-nos do vosso processo de criação.

Trabalhamos numa espécie de caos organizado. A parte da escrita está a cargo do Mulé, ele tem o seu processo de criação individual, como cada escritor deve ter. Já a criação dos vídeos é um processo conjunto. Entre muito fumo, vão surgindo ideias e de forma a achar um equilíbrio, vamos criando, sempre tentando captar a visão de todos os elementos.

Porquê ratos? De onde surgiu o nome para a vossa primeira mixtape?

A ideia de ter ratos na capa, surgiu porque nos sentimos como "ratos de laboratório" nesta rotina, neste sistema em que vivemos.
O nome “Triunfo dos Ratos” surgiu de uma conversa sobre o livro “O Triunfo dos Porcos” de George Orwell, onde os porcos se revoltam contra o poder. A nossa primeira mixtape era o nosso triunfo e a nossa revolta e assim ficou.

Que rotina é essa?

Mulé: Falo por mim e por qualquer um deles. Vivemos a rotina de um homem comum embora tentemos ser exatamente ter o contrário. Acordamos para ir trabalhar e para pagar contas, basicamente. Para me abstrair desta rotina, aproveito o máximo que consigo os meus tempos livres com o Belly e o Danny. São essas poucas horas que contam para nós, nessas horas dedicamo-nos aos projetos do grupo. Nessas horas criámos as nossas primeiras …. três mixtape, duas que ainda não foram lançadas.

Quais as vossas principais inspirações?

Mulé: Obviamente que nos inspiramos nas nossas próprias vivências. Escrevo sobre a nossa rotina e sobre os nossos ideais. Desde crianças até os dias de hoje muito aconteceu, muitas reviravoltas, fases boas e menos boas, houve até uma mudança de continente na minha vida. É sobre todos estes nossos anos que falo.
Quanto a influências musicais ...já ouviram a “intro” da nossa mixtape “O Triunfo dos Ratos”? Lá mostramos um pouco das nossas influências.
Basicamente, somos três e cada um tem as suas preferências. Juntos criamos um mix de tudo o que ouvimos. Desde B.I.G., Racionais, Wu Tang Clan, Froid, Flatbush Zombies a Tim Maia, Pink Floyd, Capitão Fausto, Led Zeppelin, sei lá, tantos.
Se aparecerem no nosso spot tanto podem ouvir Hip-Hop como podem ouvir música clássica. Simplesmente gostamos de música, boa música.

Como artistas, quais são os vossos maiores desafios?

Criar é um grande desafio mas isso dá-nos muito gozo. É nesta fase da criação que nos sentimos motivados a continuar e a não desistir.
Obviamente que o maior desafio tem sido chegar ao público. Temos muita música e pouca gente a ouvi-la.

Portanto, sentem dificuldade em promover o vosso trabalho?

Muita. Vivemos numa geração em que é fácil divulgar música nas redes sociais e facilmente nascem cem artistas de uma vez. Somos nós e todos os outros a lutar por uma oportunidade.
O mundo artístico agora vive numa constante luta por seguidores. Se não os tens não aparecem oportunidades para concertos. E se não dás concertos também é mais difícil ter seguidores. É uma bola de neve mas a caminhada vai-se fazendo e havemos de conquistar o nosso público. E é sempre mais fácil quando se tem alguma força financeira, isso também vale muito nas redes. Nós não temos, somos “broke” (risos) mas estamos bem, vamos dar tempo ao tempo, e as oportunidades surgirão.

Qual é o público que pretendem atingir?

Qualquer pessoa que se identifique com a nossa mensagem é o nosso público.
Vivemos um estilo de vida urbano e tentamos ser o mais mente aberta possível. Criamos música para pessoas como nós, que vivem nesta selva de cimento, que tentam fugir da rotina e que não se identificam com grande parte dos valores desta sociedade.

Sentem que têm apoio dos que vos rodeiam, amigos e familiares?

Felizmente sempre tivemos o apoio dos que nos rodeiam. O feedback tem sido positivo. Estamos muito gratos pelo suporte que temos sentido dos amigos e familiares.
“É nois”, estamos juntos!

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Já sabemos que vão lançar pelo menos mais duas mixtapes. Já nos podem avançar mais qualquer coisa sobre esses projetos futuros?

Já saíram três sons no nosso canal, esses fazem parte da nossa próxima mixtape “Funk & Kush”. Ainda em 2019, sairá toda a mixtape. Quanto à próxima mixtape, não queremos adiantar muito ainda, Vão ter mesmo que esperar para ouvir. (risos)